sexta-feira, 16 de abril de 2010

E o palhaço sou eu...




Cansaço, cobranças..muitas cobranças – o telefone toca – mais cobranças. Ás vezes, os problemas vão além da minha capacidade de saná-los, da minha autonomia. Que autonomia? e toca o telefone, vontade de sair correndo sem olhar pra trás. O coração acelera, a temperatura sobe, e cada vez mais problemas. Papéis chegando e se acumulando sobre a mesa já pequena pra tanta queixa - mais uma vez, o telefone... e eu vou me estafando cada vez mais. Vou até o café que fica próximo à minha sala, preparo um chá, na tentativa de me acalmar. Vou até a janela e me deparo com concreto, máquinas, britadeiras, lama, suor, barulho, barulho... quero chorar. Volto pra sala, mais papéis, respondo e-mails, mais cobranças, o telefone, mais problemas, papéis, e-mails, cobranças… olho o relógio, os ponteiros nem sei onde estão... me assusto: o dia já se foi! Fecham-se as cortinas. Amanhã tem mais espetáculo.


Ass.: Srta. Y.

3 comentários:

  1. Srta Y
    O cotidiano não nos permite amar. As pessoas vão e vem, e o tempo diz à quem se deve dizer amém. O tempo nos mostra que o passado é sólido, pois o presente é tão abstrato quanto o amor. O amor é tão silencioso, misterioso, e derrepente ele aparece no meio dos ferros, do ponteiro que giram incessantemente dia após dia, no meio do trabalho, o amor está ali do outro lado da rua. O amor está onde queremos que ele esteja, mas é tão difícil querê-lo na hora do Rush, quero só minha casa. E é nessas horas que tento pensar no caos de Luanda. E o quanto a fome me faz esquecer o amor. Ah!!! O Amor não é aliado da fome. E a dor da saudade....
    No cotidiano cosmopolita, o presente não é o amor, mas o amor é sempre o mais valioso presente.

    ResponderExcluir
  2. Os dias como estão fundamentados pela sociedade de hoje se esvaem sem percebermos. No limite do esforço humano - trabalho e solução de problemas - está algo invisível que nos força contra as nuvens de concreto. O que poderia nos retirar dessa pressão é a vontade de viver os minutos sagrados de maneira plena. Vivemos isso sem culpa?

    ResponderExcluir
  3. Uma vez comentei numa roda de amigos que estamos morrendo aos poucos, dia após dia, sem percebermos. Infelizmente o trabalho, quando não é prazeroso, torna a nossa "morte" diária muito dolorida.
    Mas Srta. Y, não se preocupe, pois os ventos sopram a seu favor.

    Ass.: Srta. X

    ResponderExcluir